sábado, 21 de agosto de 2010

Pirke Avot פרקי אבות

פרקי אבות, literalmente, Capítulos de Avot. Avot, é o nome dado a uma seção do Talmud, dentro do tratado de Mishná, o grande compêndio e Sabedoria Judaica.

Bem, mas e o que é a Mishná?
É um clássico da literatura rabínica, crença fundamental do judaísmo histórico, que a TORÁ nos foi dada no Sinai. Moshê a recebeu de H'Shem, o Todo-Poderoso, ensinou a sua mensagem e a entregou a nós, seu povo.
A TORÁ é constituída de duas partes primordiais: A 1ª delas, o CHUMASH (5 livros de Moshê), chamada de TORÁ SHEBICHTAV, a Torá escrita. A 2ª é chamada de TORÁ SHEBEALPÊ, a Torá oral.
A TORÁ SHEBEALPÊ não deveria ser escrita; era ensinada oralmente, como complemento da Torá escrita.

Moshê ensinou o sagrado Livro da TORÁ, acompanhado por suas interpretações, a seu discípulo Yehoshua (Josué). Este ensinou-a aos Anciãos e eles, por sua vez, ensinaram-na a outros. Tudo que era transmitido oralmente, deveria ser repetido e repassado muitas vezes, assugurando-se que assim nada seria esquecido. Esta prática recebeu o nome de MISHNÁ, palavra que significa um conjunto de ENSINAMENTOS e INSTRUÇÕES.

A MISHNÁ tornou-se a Tradição Oral, transmitida pelos mestres aos alunos, de geração em geração. Desde o início era proibido compilar por escrito qualquer parte desta Tradição Oral, por 2 motivos.
1º, para que mestres e alunos se empenhassem a fundo, sempre por muitas horas, de modo a assegurar que tudo fosse perfeitamente lembrado e minusciosamente compreendido. Estes ensinamentos somente existiriam na mente , na memória, no entendimento dos sábios e dos eruditos.
2º, temia-se que, se a TORÁ Oral viesse a ser transcrita, as pessoas passariam a pensar nela como parte integrante da TORÁ SHEBICHTAV e começariam a tratá-la como tal. Isso produziria uma grave distorção, já que ambas são de natureza a caráter completamente diferentes, e desta maneira devem ser encaradas dentro da normas do Judaísmo.

Porém, há cerca de 1700 anos atrás, Rabi Yehudá HaNassi (o Príncipe), Superior do Bet Din, o Tribunal Máximo Judeu, e chefe do Povo de Israel, verificou que era grande a turbulência vividas na época, e com isso não era mais adequado aos professores e alunos estudar e memorizar a grande Tradição Oral. Antes que fosse completamente esquecida, RAbi Yehudá decidiu, junto com os Anciãos transcrevê-la. Assim nasceu a MISHNÁ, e esta é estuda até hoje.
Esta 'violação' do que os Mestres diziam não poder ela ser transcrita foi apoiada por um versículo(Salmo 119:126), e com isso melhor escrevê-la que "permitir que a TORÁ fosse esquecida pelo povo de Israel"
As gerações posteriores ao rabi Yehudá discutiram o conteúdo da MISHNÁ, e estes comentários e interpretações deram origem à GUEMARÁ. Ambas as obras, MISHNÁ e GUEMARÁ, formam o TALMUD.


Bem, a MSHNÁ está dividida em 6 seções. A 4ª seção, chamada de Nezikin, é a que inclui o tratado AVOT, sobre valores éticos e conduta moral.
O nome AVOT, significa, literalmente, PAIS. Escutar os 'pais', implicita aceitar os ensinamentos mais tradicionais transmitidos pelos sábios de mente para mente, de coração a coração, desde o Sinai.
Assim, este tratado moral nos tráz a essência dos ensinamentos éticos de vários mestres judeus. Uma continuidade entre mestres e discípulos, que tornando-se mestres continuam a ensina numa cadeia interminável.
Assim, a cada passo, aprenderemos mais sobre a clareza da TORÁ Oral, em comparação com a TORÁ escrita.

Pirkê Avot, ou Capítulos dos Pais, nos dará um oportunidade de voltar às práticas antigas de conhecimnto vivencial, e não apenas dentro de 4 paredes duma sinagoga, ou casa de estudos.

Em próximos Temas, trataremos desta obra milenar, com a s palavras dos maiores ensinadores do povo judeus, os Sábios.

Shalom Alekhem u'Shabua tob!
12 de Elul de 5770, da Criação

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